Circulo pelos cantos desse nada que eu herdei, herdei de ti. Apanho obstinadamente as sementes que eu não plantei aqui. Tudo parece pequeno a meu ver, e supérfluo a meu sentir. Meus olhos sangram a ausência da beleza dos teus. Eu agora habito a periferia das suas considerações e do seu Adeus. Eu tento encontrar um buraco no chão deste labirinto: a saída principal não é mais a minha meta. Daqui eu vejo tudo de cima, e eu me satisfaria em dizer que é por ser superior.
Meu mundo tem um limite, e ele acaba nas linhas do seu corpo. Eu brinco de tentar pegá-lo, mas estou de cabeça para baixo e perdi minha coordenação. Você escorrega dos meus dedos. Há nuvens sobre minha cabeça que não indicam a chuva. Aqui relampeia a ansiedade. Assombra-me a companhia da necessidade de descer deste lugar e voltar a ter o monopólio de mim mesmo. Eu posso sentir a força da conspiração que me ilha nesta inação desconcertante, só que eu planejo forças espartanas para esta guerra. A subida, um escorrego deslizante; a descida, uma escalada angustiante. As mesmas pernas que corriam pelos pensamentos de um amor agora fogem das lembranças do seu fim. Você me levou ao céu, me levantou no ar. Mas esqueceu de me ensinar a voar.