O marrom das construções tomava as calçadas e se estendia até o meio da rua: o único lugar capaz de refletir no vidro do carro uma cor que não demonstrasse monotonia era o céu, mas o espaço reservado pra ele era praticamente um quinto da extensão das janelas. Para grande parte das pessoas, aquela palavra chamada “beleza” havia sido exilada daqueles bairros periféricos. Porém pra mim, ali havia tanto brilhantismo quanto nos outros lugares agitados da cidade ou quem sabe ainda mais. Estas eram ruas onde se via o comportamento humano nu aos próprios olhos humanos que batiam de frente, sem ter a prazerosa cortina de incrementos que o dinheiro pode acrescentar.
Ali moravam as reais pessoas, cruas e prontas ou não para a vida, mas que viviam inteiramente para o momento presente, pois o passado havia sido ainda mais miserável e o futuro era uma peça bastante incerta em suas vidas. “Qual será meu tempo de vida?” Corações divididos entre descobrir ou não. Talvez nem eles mesmos quisessem saber a resposta. Ou até tivessem essa vontade, para que assim pudessem ter exata noção de quanto tempo mais teriam de aguentar o sofrimento como personagem principal em suas melancólicas existências. O medo parecia tomar conta do seu futuro. Mas medo de quê? Medo de tudo que o nada pudesse trazer, ou melhor, continuar trazendo. Nunca tiveram muita coisa, e por isso estavam acostumadas à realidade dura e fria da vida. Mas justamente por saber na pele como era viver sem nada, elas tinham medo de viver – e dessa vez eu me refiro a um tempo mais longo, de preferência até o final de suas vidas, e tão provável quanto este fim – com todo esse nada que nunca tinham sido capazes de conquistar. Existir era uma coisa paradoxal: eles tinham o sonho de viver bastante para poderem ver suas vidas mudarem como num conto de fadas, mas tinham medo de que não vivessem estes tais contos. E no fundo eles sabiam que essas histórias só estão disponíveis nas bibliotecas.
Ali moravam as reais pessoas, cruas e prontas ou não para a vida, mas que viviam inteiramente para o momento presente, pois o passado havia sido ainda mais miserável e o futuro era uma peça bastante incerta em suas vidas. “Qual será meu tempo de vida?” Corações divididos entre descobrir ou não. Talvez nem eles mesmos quisessem saber a resposta. Ou até tivessem essa vontade, para que assim pudessem ter exata noção de quanto tempo mais teriam de aguentar o sofrimento como personagem principal em suas melancólicas existências. O medo parecia tomar conta do seu futuro. Mas medo de quê? Medo de tudo que o nada pudesse trazer, ou melhor, continuar trazendo. Nunca tiveram muita coisa, e por isso estavam acostumadas à realidade dura e fria da vida. Mas justamente por saber na pele como era viver sem nada, elas tinham medo de viver – e dessa vez eu me refiro a um tempo mais longo, de preferência até o final de suas vidas, e tão provável quanto este fim – com todo esse nada que nunca tinham sido capazes de conquistar. Existir era uma coisa paradoxal: eles tinham o sonho de viver bastante para poderem ver suas vidas mudarem como num conto de fadas, mas tinham medo de que não vivessem estes tais contos. E no fundo eles sabiam que essas histórias só estão disponíveis nas bibliotecas.
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