
Talvez eu esteja em um mundo em que amar é contra a lei, e que o único complemento plausível do verbo sentir é vontade. Talvez eu tenha entendido que invejado é o que eu mais quero ser, e que conhecer é o melhor passatempo de uma vida. Talvez eu tenha entendido que eu não sou um esquecido, apenas ainda não fui lembrado. Talvez eu queira estar em vários lugares, ou talvez eu possa me fazer estar em vários lugares. Talvez eu tenha ficado frio, ou talvez eu tenha vestido uma armadura contra a frieza do mundo. Talvez ela tenha me causado efeito contrário e me fez prender em mim mesmo, ou talvez esse seja justamente o efeito desejado. Talvez eu tenha entendido que o verdadeiro lar da perfeição é a simplicidade, e que o verdadeiro lar da satisfação é a mente.
Talvez eu tenha notado que a beleza atrai, mas a inteligência fascina. Talvez eu tenha entendido que o verão pede tudo mais gelado, inclusive o coração; e que o inverno pede tudo mais quente, inclusive o corpo. Talvez eu tenha entendido que o mundo quer que eu viva pra ele, mas que eu mesmo quero que eu viva tão somente pra mim. Talvez eu tenha me dado conta que viver é uma arte, e que não adianta ser apenas mais um amador. Talvez eu tenha ficado egoísta, ou talvez eu tenha entendido que eu sou o único que vai lutar por mim. Talvez eu tenha entendido que o infinito não existe, mas que eu posso ir quão longe eu quiser. Talvez eu tenha percebido que lembrar não depende do viver, mas que lembrar é viver. Talvez eu tenha ficado perfeccionista, ou talvez eu tenha encontrado qualidade suficiente pra me dar ao luxo de exigir. Talvez eu tenha entendido que o coração não foi feito pra bater por pessoas, e sim por momentos. Talvez eu tenha ficado insensível, ou talvez eu tenha finalmente aprendido a viver. Talvez o mundo tenha me feito assim, ou talvez isso seja apenas uma desculpa pra que eu possa ser exatamente como eu sempre quis.
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